quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

“O dia mais pós-construtivista”

O planejamento dos grupos áulicos foi um processo muito pensado, discutido e estudado pelo grupo Palavra Viva. No início, muitas dúvidas, incertezas e desconfianças. Será que essa história de grupos áulicos dá certo mesmo? Será que devemos perder tanto tempo com algo que é tão simples... Por que não formar grupos por cores e pronto! Para que as escadas, votação com quem quero aprender, trocar, ensinar, apuração de votos, líderes, escolhas... Todas essas questões surgiram no grupo, mas sabíamos que esses pensares eram simplesmente reações diante do que nos era novo, e assim decidimos apostar e cumprir à risca a formação dos grupos áulicos, pois só saberíamos das respostas, vivenciando a formação dos grupos áulicos. Assim planejamos. Criamos um texto do “Dinomir vai votar” como preparação para a votação da aula seguinte. E no dia D, um momento tão esperado, inclusive por eles, pois muitos dos alunos me perguntavam ansiosos quando iria ocorrer o “dia da política” (muito interessante essa colocação da aluna Isadora). Assim, a aula ocorreu num clima de muito envolvimento e alegria. Iniciei com a escada, onde ficaram curiosos ao ver seus nomes em listas, com ou separados de alguns colegas. Percebi que ao explicar a escada, nenhum se sentiu injustiçado, ou constrangido com a sua posição na escada. Deixei muito claro que ali estava exposta a forma de como eles pensavam, desenvolviam a escrita. E que não se trata de um ser mais inteligente do que outro, mas que pensavam de formas diferentes, e todos estavam ali com o objetivo de chegarem juntos no mesmo degrau dos alfabetizados. Inclusive os meus PS2 (3) e Silábicos (4) em nenhum momento os vi nem os senti constrangidos, pois esse era um dos pontos em que tocávamos no planejamento ao achar que a escada era de certa forma constrangedora. Vi realmente que ela não é, pelo contrário, é reveladora, serve de espelho para o aluno, para aguçar a sua auto-análise, sua reflexão diante dos seus saberes e ignorâncias (ou seria agressividade). O cartaz com os nomes de todos em ordem alfabética foi bem interessante, pois com as cédulas nas mãos eles já copiavam os nomes dos colegas que gostariam de votar. Na contagem dos pontos, cada voto era comemorado e a carinha de orgulho por ter recebido os pontos e a ansiedade para saber quem seria os líderes da sala era notória. Na contagem todos muito atentos e para minha surpresa a votação foi muito equilibrada, e se alguns acharam que somente a lista de alfabéticos seriam líderes, eis que uma silábica também foi líder junto com mais duas alfabéticas. Três mulheres ganharam e relacionaram o feito até mesmo com a vitória da nossa Presidenta. Assim seguiram escolhendo seus componentes e por último um aluno sobrou. Ficou aquele clima! O aluno ficou um tanto chateado, foi aquele suspense... Foi nesse momento que o jogo virou e o aluno rejeitado, passou a ser o mais disputado. Conversei com ele que agora ele era quem iria escolher o seu grupo, mas com a condição de que cada grupo iria ter que conquistá-lo com ótimos argumentos. Nesse ínterim, eu e o aluno ficamos confabulando sobre a melhor escolha, o alertei sobre falsas promessas, exageros, enfim que ele deveria ser bem cauteloso na sua escolha, em contra-partida orientei os grupos a fazerem o melhor que puderem, pois ele era um componente muito importante e fundamental para o grupo. As apresentações foram dignas de aplausos e de um momento constrangedor, fez-se um momento de glória para o aluno “rejeitado”, ele observou, pensou e decidiu. O grupo escolhido o acolheu com muita euforia. Os grupos estavam formados. Ufa! Quanta coisa ocorreu nessa aula, aprendizagens que perpassaram por muitos sentimentos. E o principal deles foi o entusiasmo de todos em se sentirem importantes e confiantes no grupo e em si mesmos. Portanto diante do relato, as dúvidas do princípio foram respondidas e a riquíssima experiência deixou a certeza que a formação dos grupos áulicos só tem a contribuir para a aprendizagem e a formação de valores importantíssimos para a vivência em grupos na sala de aula a partir da proposta geempiana.

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